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quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

KIDIABA - A BUNDA ETERNA

Em uma ensolarada tarde de terça-feira de dezembro uma sombra escureceu
o sol que ilumina os colorados. Em uma semifinal do Mundial de Clubes,
o Internacional adentrou o campo, confiante, seus jogadores exultantes dentro
de um uniforme com camisetas no melhor estilo mamãe-sou-forte.
Quase quatro meses antes conquistava pela segunda vez a Copa Libertadores
de América e e comemorava a chance de disputar mais uma vez o título
de campeão do mundo que conquistara em 2006. O time em campo era praticamente
o mesmo de agosto, com as substituições de Sandro pelo "espetacular" Mathias e
"aquele rapazinho veloz da ponta", nas palavras de Rafa Benitez, treinador da Inter de Milão
pelo dublê de modelo Rafael Sóbis.

O adversário era o desconhecido Mazembe, o qual o Inter se orgulhava de ter em mãos
um dossiê onde constavam todos os dados sobre o time africano.
O Mazembe tinha desclassificado o conhecido e favorito Pachuca em uma partida em
que os mexicanos chegaram a dominar a partida mas perderam em uma escapada.
Uma cruel escapada, um toque a la Ronaldinho Gaúcho e o gol dos congoleses no
contrapé do goleiro azteca. Após o gol a TV exibia algo jamais visto, nem mesmo no Brasil.
O goleiro Kidiaba fazia caretas e movimentos pra frente com os braços enquanto
pulava de bunda no chão. Eu assistia para observar quem seria o adversário do Inter, claro.
Achei o jogo fraco, os dois times fracos, o Pachuca parecia dormir em campo,
enquanto os africanos não eram lá muito vidrados na marcação mas corriam feito onze
Taisons em direção ao gol adversário. Me lembrei das palavras do quase demitido
treinador Benitez da Inter. "Aquele rapazinho veloz lá da frente..." Aquele rapazinho veloz
lá da frente que foi revivido por Celso Roth tinha sido vendido para o poderoso Metallist da Ucrânia.
Aquele rapaz tantas vezes criticado pela torcida colorada por ser relapso e desligado
era uma peça sem substituição no Beira-Rio. A direção colorada preferiu, como quase sempre,
repatriar um brasileiro do Oriente Médio ou de algum time mediano da Europa. Desde Fernandão
a direção colorada insiste na mesma tecla. Repatriar refugos do exterior para recuperá-los
no Beira-Rio.

Não deu certo. Sóbis voltou uma lêndia, como quase todos que jogam nas arábias.
Vivia lesionado. Tinga, idem. O Brasileirão de arrastando e o Inter arrastando dez, quinze mil torcedores
para assistir amistosos durante quatro longos meses. Tudo em nome do Mundial.
Em nome da eterna guerra de títulos com o rival. tudo em nome do marketing. Do nome
do clube no exterior. Da conquista de novos mercados. Os torcedores, os que torcem por futebol,
tinham que se contentar em assistir jogos melhores pela TV na Copa RS, onde jovens talentos
debulhavam times do interior gaúcho. Enquanto isso, nos profissionais, tudo se desenrolava
como em um colônia de férias em Nova Tramandaí: modorrento, tedioso e inodoro.
As águas da lagoa batendo nos pés cansados de nossos heróis.

Pois chegou o tal dia. Da estreia no Mundial. Terminados os cumprimentos, deu-se início à partida.
O Internacional pressionou meia-boca e o time africano, uruguaimente deu campo ao Inter.
Parecia um jogo de Gauchão. O time do interior esperando a hora certa do contra-ataque.
Se a TV mostrasse o Cláudio Duarte sentado no banco de reservas eu não me espantaria.
Até comentei. Esse Mazembe tá no pega-ratão. E o ratão éramos nós. O Inter não avançava
porque nosso mentor-mor, o desbigodado Roth, decidira jogar com o time menos avançado.
Sóbis fazendo a função de aranha bêbada e Alecsandro a de pivô de dentadura de pobre:
balançando pelo meio da área. Guiñazu e Mathias tentavam chegar e D'Alessandro, depois de
tomar uma cartela de Rivotril, caminhava nas ruas de La Paternal de mãos dadas com o fantasma
de Francescoli. O Inter caminhava abençoado para as penalidades.

Até que em um lance na entrada da área, Índio demonstrou porque sempre acreditamos
que ele deveria se aposentar, ganhar uma medalha, uma estátua, e se divertir com taças de vinho
e pufes. Eles, nem vou procurar o nome de quem fez o primeiro, prefiro ignorar, meteu na orelha
de Renan, penteando sua careca e nos deixando apatetados em frente a tela da TV.
Kidiaba, enquanto isso, penteava os pentelhos do cu na viçosa grama de Abu-Dhabi. Era a primeira.
Roth, em um retorno ao seu passado entreguista, tentou jogar o time nos pés da gurizada.
Não adiantava mais. o Inter avançou, apertou, Kidiaba defendeu todas. A bola parecia atraída
por suas mãos. A bola mirava as mãos de Kidiaba. A bola estava enfeitiçada por suas mãos
abençoadas na reza dentro do gol congolês. Ela não entraria. Não no gol dele.
Sim no de Renan. Outro atacante africano entortou a coluna de Guiñazu, que até agora
procura a bola, e chutou fora do alcance dos braços de crocodilo de nosso adorado goleiro.
Era a atolada final. Kidiaba pululava na grama do estádio.

Kidiaba pulula em frente as câmeras no final do jogo. Seu esfregamento de bunda ao vivo para o mundo
todo ver, como adora o marketing colorado, era um escárnio em todo o rol de planejamento e
primeiro-mundismo de nossa direção. Kidiaba esfregava a bunda nas arquibancadas do Beira-Rio.
Narradores com um pouco mais de humor sarcástico diriam que Kidiaba esfregava a bunda na
nossa cara de idiotas em frente à TV. Kidiaba e sua bunda pululam em nossos pesadelos. Kidiaba
pulula em nossos delírios mais exasperadores. Kidiaba esfrega sua bunda negra e africana em nossa
cara arrogante de clube com mais de cem mil sócios. Kidiaba esculacha dossiês.
Kidiaba limpa a bunda com dossiês. Roth disse que "futebol é assim mesmo".
Só se é lá onde ele mora. Se lá os adversários aparam o bigode da cara dele com a bunda.
Kidiaba esfregando a bunda na grama era como se dizesse: Caguei. Andei. Caguei. Andei.
O Mazembe e Kidiaba cagaram e andaram para nosso pragmatismo. O peso de toda a África
desabou sobre as arquibancadas do Beira-Rio. A câmera sai de Kidiaba e mostra Rafa Benitez
e ele sorri. Sorri como nunca sorriu nos meses em que comanda a Inter. Em algum lugar na distante
Ucrânia um rapaz veloz deveria estar assistindo o jogo e lamentando. Kidiaba esfregava a bunda
em todos os setores do profissionalismo colorado. Kidiaba eclipsava o dia ensolarado e agradável
em Porto Alegre.

Certo dia, Muricy Ramalho, em meio a resmungos e lamúrios pela mulher e filho distantes, lascou uma frase hoje histórica: A bola pune. A bola encontra várias formas de punir. Seja rebaixando times que operam fora das quatro linhas para vencer, seja condenando ao limbo equipes que vangloriam carrinhos em placas de publicidade. Kidiaba não conhece a máxima de Muricy. Kidiaba foi apenas um instrumento de punição da bola. No interior da Ucrânia uma luz iluminava o céu. Era a bola mostrando seu caminho de justiça. Aquele rapaz que corre muito lá na ponta sumia entre nuvens dissipando nossos sonhos. Rápido. A bola sedenta de justiça procurava as mãos de Kidiaba. Um homem, Fernando Carvalho, caminhava cabisbaixo. A bola esfregava a bunda do destino em sua cara. A nós, torcedores, resta o deserto do abandono. No deserto seguimos a bola. Somente ela. Ninguém mais. Os homens se vão. A bola, tal qual uma bunda que pulula, é eterna.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Teorias...

Não sou exatamente dado a teorias, mas até arrisco umas de vez em quando; eis a mais nova: estou convencido de que os anos 90 não fizeram mal somente ao povo vermelho – a nação aflita (leia-se, azul) só agora vê horrorizada o pedágio medonho que ela cobra.

A verdade é que se acostumaram demais à boa vida de títulos e botinadas, à flauta doce de pouco mais de dez anos a golpes de Felipões e Otomanos; como era bom chutar cachorro morto, deitar aquela falação caudalosa e infinita em cima da “macacada”, sem escutar nada em resposta além de um muxoxozinho deprimido (e deprimente). O resultado disso? É fato: a fase atual do Inter dá neles um pavor incontrolável, uma coisa de urticária purulenta misturada com tuberculepra cancerosa. Não, não tem queima de banheiro químico que possa dar jeito nisso: ver gente de vermelho festejando? Não, é inadmissível: tem que dar safanão nos dirigentes deles no aeroporto, esses macacos malditos; tem que ter um jeito de espezinhar essa gente feia, desdentada, chinelona. Afinal, quem eles pensam que são? Acham o quê, que libertaram a América? Sabem com quem estão falando...?

É interessante: colorado bom é só aquele que tem o magnânimo direito de sofrer calado, humilhado e quietinho, que é pra não atrapalhar; é bem capaz de ter lá alguma sociologia meio maluca nisso tudo (algumas atitudes realmente explicam várias coisas, pois não?). Pessoalmente, nunca nos achei vira-latas, ou que devêssemos pedir por favorzinho uma licença por existir, sentar só na ponta do sofá ou morar no elevador de serviço...mas, de certa forma, sempre fomos – e seremos – o oposto de tudo aquilo lá, pelo menos sabendo nos levar bem menos a sério até quando a maré tá braba pro nosso lado (afinal, cada um tem o “desabafo” no Youtube que merece, né...).

Enfim, essa cantilena mutirosa agora pra “conclamar a torcida”, “já melhoramos a olhos vistos”, “já tem a cara do time”, e balacobaco do catirifofo, é que termina sendo involuntária e miseravelmente engraçada. Quisera o Inter ter “em caráter oficial” uma operação SOS-autoestima como essa quando estava por baixo. É por aí mesmo; ah,e batalha de “aflitos”? Tô fora...

Chega.

Fui (e não a pé).

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

BENDITA CACHAÇA

A superstição está desde sempre conectada às regras não escritas de um torcedor de futebol. Uma das minhas lembranças mais antigas é a final da Libertadores de 1980. Eu tinha dez anos e sabia que o Inter disputava algo realmente importante. Não imagino como as supertsições começam na mente de uma criança. Não sei quando elas deixam de ser tendências para se transformarem em obsessão. Quando minha mãe esperava meu irmão mais novo eu andava com a mão na barriga o tempo todo pois achava que ela, a barriga, poderia explodir, me deram uma paratequieto me levando numa benzedeira. Eu não lembro.

Mas da final de 1980 eu lembro. Lembro da transmissão da TV uruguaia em preto e brnaco. Do Celestino Valenzuela com seus "que laaaaance" a la Jabulani do Cid Moreira. E lembro que eu assisti a partida fazendo figa com os dedos das mãos e dos pés. Certamente hoje em dia se eu fizer figa com os dedos dos pés vou chegar no intervalo me contorcendo de cãimbras no chão. Em 1980, não. Assim como não sentia dor, as figas também não adiantaram.

Com o tempo as mandingas foram se diluindo tanto que para mim passavam quase imperceptíveis. Deixar de aparar a barba quando o time está bem no campeonato. Não cortar o cabelo. Deixar o volume do som da televisão sempre na mesma altura. Assistir aos jogos no estádio sempre no mesmo lugar. Comprar a mesma marca de cerveja. Colocar sempre as mesmas cuecas. A mesma camiseta. As alternativas são intermináveis. Obviamente nenhuma faz sentido e, geralmente, são utilizadas só em momentos de desespero e porque eu não posso jogar no lugar do Nei.

Nos últimos anos tive dois momentos distintos, ambos de alegria, um de desespero e outro de puro deboche. Em 2007, jogo de volta da Recopa, o Inter tinha perdido no México para o Pachuca e precisava vencer em casa. Primeiro tempo. 1x0 Inter. Assisto de pé colado no arame farpado da Inferior. No intervalo volto e me ajeito perto da 12, colado no arame. Um sujeito enlouquecido da canha começa a conversar comigo junto a mais um magrão com a camiseta do Independiente. Lá pelas tantas aviso que vou buscar cerveja. Os caras vendo que eu era de fé largaram dinheiro pra que eu pegasse pra eles. Quando estou voltando, Inter 2x0. Maior festa entre os malucos, que agora eram três ou quatro. Quando acaba a ceva, els não têm nem dúvida. Me largam mais dinheiro que antes. No balcão, gol do Inter. 3x0. Quando chego com a cerveja é um banho pra todo o lado. Desde aquele momento ficou confirmado que eu trazia a "cerveja da sorte". Tanto foi que quando fui pegar mais, saiu o quarto gol. Todos queriam que eu fosse buscar cerveja pra dar sorte. Eu só vi o primeiro dos 4x0. Sai do estádio tão bêbado quanto feliz. Nunca bebi tanto sem pagar nada.

Em 2008, no auge do desespero, vendo tudo ir por água abaixo na final da Sul-Americana contra o Estudiantes, abandonei meus amigos e parcerias de torcida e decidi, no intervalo da prorrogação, que o Inter só venceria se eu fosse para o lado da goleira do placar. Lógica? Nenhuma. Me aninhei perto da bandeirinha de escanteio das sociais e por lá fiquei intermináveis dez minutos até que D'Alessandro cobrou o escanteio que na refrega dentro da área terminou nos pés de Nilmar. Cheguei a perder o ar na comemoração. Não desejo a  nenhum torcedor do mundo que a final de um campeonato vá para a prorrogação. Assim como não desejo a nenhum colorado depender de superstições.

Não que superstição garanta algo. Não garante nada. Conheço um cara que tava numa maré de sorte pra pegar gostosa. Era aparecer uma gostosa na frente que ele papava. Só que tinha um porém. Significativo porém. Entre uma gostosa e outra ele tinha que pegar um tribufu. Um Fenemê de porta aberta. E ele pegava. Dava sorte. Dava tanta sorte que ele decidiu casar com uma feiosa pra continuar pegando gostosas pela frente. Se deu mal. Nunca mais pegou uma gostosa. Inclusive, hoje em dia, ele diz amar o diabo da Tasmânia. A superstição, como diz aquele comentarista esportivo na TV, deve ser "pontual".

Quarta, final da Libertadores, sete e meia da noite. A torcida colorada cantando no Lucas em frente ao Beira-Rio enquanto passava na TV o ônibus dos jogadores colorado se dirigindo ao estádio. Eu, puto da cara, indignado com o fim das garrafas. Por questões de segurança, FIFA, Copa de 14, Brigada Militar, tá ligado? Cinco reais o latão. E eu ali, atucanado, batendo papo, mas sério. Isso daí não tá certo. Só latão? Sem garrafa? A pulga do azar me coçando embaixo do meu boné da Umbro. Tanto que um colorado que veio de São Paulo só pra torcer pro Inter do outro lado da rua, pois não tinha conseguido ingresso, me disse que eu tava muito sério pra quem queria comemorar um título. Estava.

Até aparecer a garçonete da caipirinha. Cinco reais um copão de caipa. De vodca, dizia ela. Muitos copos num bandejão. Aquele copo era o que faltava. Era a saída da noite. Não teria escalação estapafúrdia que me impedisse de ser campeão agora. Não tinha superstição que ultrapassasse a visão daquela bandeja luminosa de catcha. Todos notaram minha mudança. Eu finlamente tinha certeza. Seríamos campeões. de algum modo estava escrito nas enntrelinhas líquidas entre o cubos de gelo deformados. Entrei no estádio com um sorriso esgamelado.

Considerando o primeiro tempo como definido e controlando a bexiga desde os 15 minutos, não segurei mais e fui ao banheiro. Silêncio. Só um carinha assoviando Creedence e o fedor de urina infestavam minha mente. No caminho parei pra comprar uma daquelas coisa nojentas que eles chamam de cerveja sem álcool. Eu chamo de placebo. Foi com o placebo na mão que voltei a tempo de ver os jogadores do Chivas se abraçando. Durante o intervalo, sorvendo o meu paliativo e o outro que eu trouxe e quase ninguém bicou, fui tomado pelo capeta da caipa, que resolveu bater quase duas horas depois. Atônitos colorados cabisbaixos tiveram que me aturar berrando que a conta tava fechada e que ia ser 3x1 pra nós. Eles não sabiam. Eu sabia! Na entrada do time dei um banho de Bavária sem tonturinha na minha volta. Os bons tempos voltaram. Aquela era a minha mandinga. Não tinha esquema tático. Não tinha Bautista. Arrancada de Damião. Kleber. Bico da chuteira do Sóbis. Que nada! Nós ganhamos a Libertadores naquela caipirinha salvadora que eu bebi no Lucas.

Bendita cachaça!

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Fala aí, aflito...!!

Tá feia a coisa: quando vocês imaginaram que no fim do ano iam ter que torcer para um...Inter?

Como diz o ditado...

Dizia um pobre infeliz que não sabia porque tanta festa, pois só agora ficamos "iguais" no RS. E respondi:

"Concordo: é o 'Roth' rindo do 'Renato'..."

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Pelo Nosso Amor

Quero esta taça, meus amigos, não só por mim - que sofri na saudosa coréia dos anos 90 e hoje me deleito em conquistas cantando junto à Guarda Popular - mas também por outros personagens colorados que tabém a merecem.
Quero esta taça primeiramente para Guiñazú, o monstro da meia-cancha, para que sua dedicação, amor à camiseta (tão raro hoje em dia entre jogadores), e espírito competitivo sejam premiados com a melhor copa das Américas.
Quero esta taça para D'Alessandro, o craque argentino incompreendido, temperamental, talentoso e com o passe mais preciso de todos os tempos. Fracassado em outras equipes, esta taça poderá coroar sua glória para sempre.
Quero esta taça para Sandro. Pelo caráter, dignidade e profissionalismo que demonstrou, mesmo vendido, ao jogar como se fosse pelo prato de comida, até o final desta Libertadores.

Quero esta taça para Bolívar, um líder em campo e, com merecimento, capitão colorado.
Quero esta taça para Celso Roth, um treinador que já merece ser campeão pela competência que desenvolveu desde 1997.
Quero esta taça para o Macaco, para o Gaúcho, para o Bagre, para o Kenny, para o Saci, para todos os personagens que sempre estiveram e sempre estarão no Beira-Rio.
Quero esta taça para a Guarda Popular, que implantou a cultura de apoiar e cantar sempre para o time, e hoje é reconhecida internacionalmente como uma das melhores barras do mundo.
Quero esta taça para meus amigos do Celeiro: Andreas, Manu, LF, Benvenas, Marimas, Raphael, Foster, Daniel, que formaram essa maravilhosa comunidade virtual com a qual não vivo sem.
Quero esta taça para minha noiva e toda a minha família, colorada desde os cachorros até os mais velhos.
Quero esta taça por mim, por ti e por todos que merecem ser campeões.
Porque o Inter merece ser campeão.
Pelo nosso amor.

Porque choro em decisões

Vou contar pra vocês porque que quando todo mundo tá vibrando com o Inter nas decisões, eu me descontrolo e começo a chorar.

Quando eu tinha 6, 7 anos, já era um psicopata pelo Inter. Só que morava numa cidadezinha chamada São Pedro do Sul, de 15 mil habitantes, se muito, sem telefone DDD, sem revista de futebol, sem tv a cabo, sem nada. ZH chegava na ÚNICA BANCA DA CIDADE ao meio dia, e eu só lia (de trás pra frente, sempre), quando meu pai trazia do trabalho, às 19h30. Sempre.

Quando perdemos pro Olímpia, eu vi o jogo sozinho, numa tv telefunken 14'. Fui dormir obrigado pela minha mãe, depois de umas três xícaras de um chá que ela me deu. O meu quarto ficava do outro lado da casa, era um cubículo, e naquela noite eu só ouvi o som do meu choro e o vento estilo nordestão que batia no matagal do lado da minha casa. 

Algum tempo depois, visitando POA, o pai me levou na loja do Jorge Andrade, e me mandou escolher 4 camisetas do Inter, pra fazer um time em São Pedro. Eu peguei a 2, a 3, a 6 e ao 10, a de goleiro lembro que já tinha. Fui nas nuvens. Quando cheguei em São Pedro, anunciei com pompa e circunstância que ia fazer um TIMEZINHO com FARDAMENTO OFICIAL. Os piás VINHAM na minha casa pedir pra jogar. Sério.

Aí, um dia, apareceu um piá que eu mal conhecia, na frente da minha casa. Conhecido de um amigo meu. De pés descalços, eu lembro como se fosse ontem. Pediu pra jogar no time. Eu disse que não tinha mais lugar, e tal. Sabem o que ele me pediu?

Pediu pra ver a camiseta do Inter. Era colorado e nunca tinha visto de perto uma camiseta oficial.

Eu não sei a razão, especificamente o que me leva a isso. Mas toda vez que o Inter vai decidir alguma coisa importante, lembro desse guri. Que eu nunca mais vi.

E fico desse jeito, pronto pra esguichar um balde de lágrimas.

ESQUIZOFRENIA

(Possível cena após a final de hoje)

Taison recebendo o prêmio de melhor em campo das mãos de Pelé:

Pelé: É muito bom entregar este prêmio para o Taison, Taison.
Taison: O Taison agradece o Pelé, Pelé. Obrigado por ele.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Meu nome é Internacional

Minha origem é remota. Conhecem-me de várias formas: sou bola, campo e bandeirola. Meu tempo não tem idades, só gerações e destinos. Família? Estou em todas. Sou amor de pai para filho. Nas infâncias do mundo, volto, reinicio: meu nome é a inscrição do primeiro traje do menino.

De vez em quando, angustiado, sou silêncio, vento, respiração. Em outras tantas vezes, feliz, sou a música da multidão. Inventaram-me em vários acordes, de bumbo, gaita ou violão. Já fui canto, papel picado, sofrimento e redenção. Se peço algo, falo baixo: como beato em procissão. Há quem me suplique em silêncio, tão quieto como oração.

Já fui calma, já fui raiva. Barreira, chute, disparada. Viro conversa de bar, de sinaleira parada. Sou lembrança e expectativa. Sou carrinho, bola dividida. Espero. Provoco. Encaro. Sou frio no inverno e calor no verão. Não me prendo a destino certo, latitude ou direção.

Sou manhã, tarde e noite. O recém nascido me berra, o doente me balbucia. Lembram-me o por do sol e a última luz do dia. Na vida dos avós e no futuro dos netos, sou a própria genealogia. Meu nome é suave e plana pelo ar. Não há veia ou sangue em que eu não possa pulsar.

Sou pensamento, sou frase, sou toda a gente a me levar. Minha face é conhecida: estou em todos os rostos que há. Caminho, sinto, respiro. Se me chamam, sou andarilho: vago aqui e acolá. Não tenho lugar marcado, nem fronteira a me limitar.

Caminhando pelo mundo, sou para sempre, sou fé, atemporal. Meu nome foi, é e sempre será Sport Club Internacional.

domingo, 15 de agosto de 2010

Chivas, pense bem

Pois este é o presente de certos clubes que ousaram, em algum momento, vencer o Inter.

Bahia - vaga como um fantasma pela Série B há quase uma década.

Juventude - desceu ao inferno e está sentado à esquerda do Coisa Ruim, onde há de receber os outros rebaixados.

Portuguesa - antiga touca, cogitou suspender o departamento de futebol há alguns anos atrás.

Corinthians - Todos os dias quando acorda, pensa em como seria bom deixar de existir porque todos os seus maiores inimigos têm estádio e Libertadores, coisas que ele nunca terá.

Grêmio - há quase dez anos sem títulos, vive de tentar diminuir conquistas do rival (?) e de forjar amizades imaginárias com amigos argentinos ou uruguaios igualmente imaginários.

Agora, o presente de alguns times que perderam para o Inter:

SPFC - habitual freguês, venceu três campeonatos brasileiros em sequência após perder a primeira Libertadores para o Inter.

Barcelona - depois de 2006, venceu a Liga dos Campeões e o Mundial de 2009.

Estudiantes - depois da Sul-Americana de 2008, venceu a Libertadores de 2009.

Inter de Milão - depois de Dubai, em 2008, venceu a Liga dos Campeões deste ano.



Pensa bem, Chivas. Pense muito bem.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Observando Meteoros

O Inter vai começar apertando o Chivas como começou no México.
Se der uma rateada, pode ser que tome um gol.
Se tomar, vai continuar o jogo e tentar empatar.
Vai conseguir. Vai virar. Quando a torcida estiver pulando e gritando,
vai tomar um gol numa bobeira do Nei. Sofrimento. Escanteios.
Bolas seguradas na bandeirinha. Chutões pras laterais. O juiz, cansado e não
querendo prorrogação, vai apitar o final do jogo quando o Tinga
encontrar o Taison livre num contra-ataque. O juiz não vai deixar completar
a jogada. 2x2. Inter campeão. Gols de Alecsandro e Kleber.

Melhor jogador do torneio será escolhido o D'Alessandro que
vai chorar, pegar o bumbo da Popular e dar a volta olímpica espancando a pele.
Alecsandro vai declarar a paz no Oriente Médio e se auto-candidatar ao Nobel da Paz.
Alguns torcedores invadirão o campo e deixarão o Índio só de cuecas.
Ele receberá sua medalha com um roupão. Taison será vendido por
8 milhões de euros, D'Alessandro continuará no Inter e será convocado
pra seleção argentina. Índio vai encerrar a carreira após o bimundial
com um jogo festivo contra o Peñarol. Pato vai chorar e dizer que
jamais imaginou terminar sua carreira desse modo. Lauro abrirá um restaurante
de comida árabe chamado Abu-Dhabi. O Bolívar vai levar a taça e o Guiñazu
vai escrever o nome do Inter na plaqueta com os dentes.

Fernando Carvalho será reeleito e vai colocar o Píffero de diretor de futebol.
Celso Roth deixará crescer o bigode e será demitido após o Inter ser
desclassificado na primeira fase do Gauchão pelo Cruzeirinho.
Abel voltará e pedirá para contratar Wellington Monteiro, Ceará
e Elder Granja. Não ganharemos o tri, mas levaremos a Recopa.
Em compensação, 2011 finalmente será o ano do tetra nacional.
O gol decisivo, contra o Corinthians, será de um penalti inexistente no Giuliano.
Giuliano vai casar com a Stefhany e será contratado pela derrotada Internazionale.
Um novo ídolo e craque surgirá vindo do Paraná.

A partir de 2012 tudo ainda está muito nebuloso.
Preciso consultar os meteoros e hoje está chovendo.

Seriedade ou morte

Baixar a bola é o atual dever cívico de todo colorado.

Nadar contra a maré do oba-oba, temer o pior, admitir que o Inter carrega um caminhão de vulnerabilidades em posições-chave – zaga, lateral direita e ataque. Tudo isso deveria estar na boca do estômago de cada colorado, vivo e pulsante como um panelão de mocotó.

Mas não é o que acontece. Para a grande maioria dos colorados, o bi das Américas já é do Inter. Abel Braga considera a vantagem colorada "irreversível". Comentaristas conhecidos, mesmo dando as devidas ressalvas de que o "futebol é uma caixinha de surpresas", apostam até em goleada dentro do Beira Rio. E assim estamos nós agora: achamos que o jogo da próxima quarta será meramente protocolar. Um inconveniente de 90 minutos até a entrega da taça às mãos de Bolívar.

Não sei se alguém já percebeu o quão traiçoeiro pode ser esse clima de já-ganhou. Historicamente, o Inter sempre tropeçou nos momentos em que a vitória era mais do que óbvia. Não vou relembrar agora esses momentos de infortúnio, porque também não cabe fazer terra-arrasada. Mas cada colorado com pouco mais de 20 anos sabe do que estou falando. Não são poucos os gritos de "É Campeão" que já ficaram presos em nossas gargantas.

O Chivas é um adversário diferente. Jamais foi ruim: é tão-somente diferente. Os mexicanos deixam jogar. Dão espaços, deixam chutar, permitem que o adversário tenha a nítida sensação de estar com o "controle de jogo". Mas essa aparente fraqueza pode ser também uma das características mais traiçoeiras do Chivas.

Luís Felipe do Santos, em uma excelente crônica no blog Impedimento (leia aqui), analisou o histórico do Chivas e notou que, no desenrolar do jogo, o adversário amolece diante da complacência mexicana. Perde o elã da pressão. Relaxa e se desconcentra. E, como aconteceu com o Inter, permite que o Chivas marque seus gols em jogadas aparentemente inofensivas e em momentos improváveis.

Ora, e se isso acontecer no Beira Rio? E se algo der errado? O que acontecerá se levarmos um gol em uma jogada aparentemente inofensiva, em um momento improvável – sei lá, aos 43 minutos do segundo tempo?

Ontem, diante da eliminação do Grêmio na Sulamericana, não foram poucos os colorados que agiram como se já fossem campeões. O Twitter nos trouxe um cardápio extenso de galhofa assoberbada. Houve quem dissesse que estava torcendo para o Grêmio para que tivéssemos "Gre-Nal na Recopa de 2011". O que ninguém percebeu é que a Recopa ainda depende de um jogo essencial. Não quero nem imaginar o tamanho da munição que os gremistas têm nas mãos, nesse momento, para o caso de insucesso colorado na próxima quarta.

Mas sim, eu confio no título. Quero muito ganhá-lo. Chegar ao bi das Américas será aquele sonho nunca sonhado. Era algo que, na minha infância, eu imaginava como algo até idiota de se querer – tal como ganhar na Mega-Sena ou adquirir os poderes do Superman. Mas aí estamos agora, prestes a conquistar a Libertadores pela segunda vez. E nada pode ser mais aterrorizante do que ver um sonho deste tamanho prestes a ser jogado fora por pura falta de seriedade.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Me recuso

Tudo bem, perder uma partida ou um campeonato até seria do jogo: se basta estar vivo para morrer, igualmente basta jogar para se expor a uma derrota.

Se acontecer – Deus me livre e guarde -, estaria no preço. Agora, me recuso terminantemente a perder para um time:

1) que tem nome de birita;
2) cujo patrocínio é algum coisa chamada “Bimbo”;
3) que tem um atacante chamado “Bofo” (pior, nos tocou um ontem, o sacripanta);
4) cujo estádio está localizado num lugar chamado Zapopan;
5) que foi “convidado” para jogar Libertadores;
6) que joga num carpete ridículo que solta um pozinho preto a cada vez que a bola pinga;
7) que anuncia no altofalante o nome do jogador que vai bater o escanteio;
8) que faz festa com fogos no intervalo e depois que perde;
9) que quer porque quer ser gringo;
10) cujos torcedores se denominam “cabritos” (putz...);
11) que não aceita estrangeiros no time;
12) que é mexicano.

Não, definitivamente isso não daria pra aceitar...

Goalkeeper

Tá se puxando o guri – se continuar assim, algum engraçadinho pode inventar de chamar ele, sei lá, de... “Renanta”, por exemplo.

Chega.

Fui (e não a pé – porque pra Abu Dhabi só dá pra ir de avião...).

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Troca d'Alhos

Incrível: mesmo com final de Libertadores e garantia de Mundial em dezembro, a imprensa oficial só fala na esotérica contratação de treinadores de segunda divisão; pelo visto, continua bem popular a nobre arte da troca de alhos por bugalhos.

Troca 1

O desembarque do tal técnico, aliás, é um legítimo “flactoide” (não esquecer de pronunciar rápido e de que o “c”, aqui, é mudo); como todo mundo sabe, um “flactoide”, por definição, é menos que um flato – e, já dizia aquele do elevador, “contra ‘flatos’ não há argumentos...”

Troca 2

Interessante: teremos um (pretenso) “imortal” treinado por um sujeito cujo nome significa “renascido”, vai entender – mas se o raciocínio deles tivesse alguma lógica, certamente torceriam por outro clube.

Troca 3

O primeiro jogo da final vai ser disputado em carpete: nesse quesito estamos em óbvia desvantagem, já que quem entende de “tapete” definitivamente não é o Inter...

Troca 4

Pensando bem, está demorando para algum engraçadinho fazer uma genial associação entre o simbolismo existente entre o nome do novo treinador e a fase vindoura para certos clubes por aí; meus palpites: aquele senhor todo serelepe, cujo apelido só me faz lembrar a compaixão devida a quem torce pelo time dele, ou ainda, o escrivinhador oficial, seguindo a tradição familiar daquele que dizia que “aqui, plantando tudo dá” (ou coisa parecida, enfim).

Chega.

Fui (e não a pé – porque Abu Dhabi é muito longe, embora haja quem não o saiba...).

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Ser colorado é

Ser colorado é sentir o cheiro de mijo misturado com maconha e cerveja na falecida coréia dos anos 90;

Ser colorado é ter sofrido nos anos 90, e quanto mais sofria, mais colorado ficava;

Ser colorado é sonhar em ter uma namorada colorada para levá-la ao jogo (para uns) ou;

Ser colorado é sonhar em ter uma namorada gremista para não levá-la ao jogo (para outros);

Ser colorado é não conseguir trabalhar, pois à noite tem jogo, e a ansiedade quase te mata;

Ser colorado é viver intensamente uma paixão que nem tu mesmo sabe de onde vem (nem para onde vai);

Ser colorado é ser um ser acima de ser gaúcho e acima de ser brasileiro;

Ser colorado é ser um mitos das próprias glórias;

Ser colorado é levantar um gigante das águas;

Ser colorado é levantar taças e beber a vitória depois de batalhas cujo final nunca acontecerá;

Ser colorado, enfim, é ser um ser que tem o maior título a ostentar e se orgulhar;

O título eterno de ser colorado

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Al Salaam-Maleikum

'E que eu so' cumprimento as pessoas assim agora...

Terneiro

Nao adianta, Fernando Lucio deve ter alguma coisa edipiana com o Inter. O vermelho lhe esta' enfronhado ate' na mente, coitado. O atacante e' uma especie de touro Miura ao contrario: basta ver vermelho pela frente que se paralisa, borrado perna abaixo...

Hermanos 1

A imprensa argentina diz que o gol colorado deveria na verdade ser creditado a "D'Alecssandro" , pois teria sido feito a "quatro pes" . Bem, se isso e' verdade, temos o primeiro caso de gol "quadrupede" da historia...

Hermanos 2

Ainda sobre os nossos primos do Prata: alguns iludidos teimam em nao reconhecer a grandeza dos nossos titulos internacionais por nao termos pego pela frente nehnum " time argentino" ao ganha-los. Eu apenas respondo que se continuarmos assim em mata-mata, daqui a pouco vamos ter "eliminado" mais argentinos que a Guerra das Malvinas.

Treinado por "Peixe", peixinho e'...

Estranho: ontem ao olhar Renan em campo, lembrei do...Clemer.

Chega.

Al Salaam-Maleikum.

Fui (e nao a pe').

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Frente de Batalha

Andreas Müller, Thiago Marimon e Raphael Castro 
preparando-se para a batalha de logo mais 
no Boteco São Cristóvão em São Paulo.

VAMU INTER!!!

A felicidade perturbadora

Daqui a pouco irei para São Paulo.

Não sei se iremos ganhar ou perder. Não sei se a viagem será uma marca gloriosa na minha memória ou mais um entulho que terei de guardar no meu depósito de tempos perdidos.

O que sei, amigos, é que, neste momento, 02h da madrugada de quinta-feira, eu sou feliz. Perturbadoramente feliz.

Sou um pai que caminha impaciente na porta da maternidade, aguardando o nascimento do primeiro filho. Não sei se o médico aparecerá na porta hesitante, anunciando as complicações do parto, ou se surgirá sorrindo com a alegria de uma vida nas mãos.

Sou um malabarista na corda bamba. Quero cumprir o meu percurso passo a passo, as pernas trêmulas até a glória do outro lado. Mas nada impede que no meio do caminho eu erre o pé e caia de cabeça no picadeiro da tragédia.

Sou um colorado à espera de uma decisão. E nada pode ser mais saboroso do que estar a um palmo da felicidade; do que ter uma vida inteira prestes a mudar em um abrir de portas, em um passo simples. Em um empate.

Podemos perder, sim. Mas e daí?

A simples espera já marcou minha vida. E agora, 2h da madrugada de quinta-feira, eu sou feliz.

Perturbadoramente feliz.

Inter querido

Cheio de graça,
O teu povo é convosco.
Bendito sois vós entre todos os amores,
E bendita seja mais esta glória,
que aguarda a hora de vir à luz.

Santo alvirrubro, tinge com teu manto a escuridão da noite,
E quando tua hora chegar, jogai por nós, torcedores,
Como foi ontem, é hoje e será para sempre,
Do primeiro dos dias até a hora da nossa morte,
Amém.

É HOJE!!!

É hoje!
É hoj e! Não é ontem. Nem amanhã. É hoje, dez da noite, no estádio Morumbi.
É hoje que podemos encaminhar nosso segundo título da Libertadores.
É hoje que poderemos ser o time brasileiro que mais disputou o Mundial de Clubes.
É hoje que podemos encaminhar de uma vez só mais três títulos internacionais.
É hoje, sim, que podemos nos firmar como o clube americano da década.
A hegemonia sa América do Sul está a 270 minutos de nossas mãos.
De nossos pés.

É hoje, mas também foi ontem. Não foi agora. Foi em 1909 em uma reunião de uma
casa modesta João Pessoa que nasceu este clube adorado por milhões. Foi em 1927 que
depois de sua primeira conquista estadual o clube se reergueu e ressuscitou da quase extinção.
Foi o Rolo Compressor. O gol do plano inclinado. Foi Carlitos. Foi Bodinho e Larry.
O 6x2 humilhante na festa deles. Sapiranga, Flávio Minuano e Claudiomiro.

É hoje, mas também foi ontem. Foi o gol iluminado de Figueroa. O Beira-Rio maior
estádio particular do Brasil. Foi a tabelinha de cabeça de Falcão e Escurinho.
Os ataques cardíacos. Também deixamos nossos mártires pelo caminho.
Foi Chico Spina. Valdomiro Vaz Franco. Balvé. O Inter peleando pelos campos
do mundo. Colocando no bolso Barcelonas, italianos, argentinos e Maradonas.
É desde ontem, Geraldão, Gérson e Fabiano Cachaça.

É hoje mas também foi ontem. Sóbis no Morumbi. Ceará em Yokohama.
O número 16 vermelho imemorável na noite gelada do Japão.
Na manhã quente e indecifrável nas ruas de Porto Alegre.
É a cabeça de Dunga e os pés de Librelato. Aquele gol de Andrezinho em Recife.
Giuliano! É Giuliano! Três vezes Giuliano! Emelec, Estudiantes e São Paulo.

É hoje e pode ser amanhã! Pode ser o amanhã do inquestionável novo Dono da América.
Sim, Dono da América! Este é o título que queremos conquistar.
A América sob nossos pés. Sob os pés de Bolívar. A América subjugada nos olhos
indígenas de um certo Cholo Loco. A América e o mundo sob pés vermelhos de ódio.
De paixão. Pés que deixaram seu rastro na história.
Pés colorados, nossos pés, cada vez menos cansados e mais vibrantes em mais de um século
de perambulanças, diabices e conquistas de um certo Saci endemoniado. A marca do Saci.
Entre sua risada anárquica e a fumaça de seu cachimbo, a torcida vermelha
surge rugindo e grita para todos meridianos e paralelos escutarem:
É HOJE!!!

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Adeus, vida

Jogo de quinta já valia uma vaga na final. Agora vale uma vaga no Mundial Interclubes.
Quem conseguir dormir nas duas próximas noites me passe a fórmula.
Nas próximas quarenta e duas horas, não dormirei, não comerei, não trabalharei, não treparei e provavelmente ficarei com a respiração presa até o apito inicial do juiz. E, até a hora do jogo, terei cerca de dezoito ataques cardiácos, vinte e nove acidentes vasculares cerebrais e cerca de quarenta e dois surtos de alucinação com referências ao dia 16 de agosto de 2006. Sei que vocês me entenderão.
Fazia muito tempo que não ficava tão tenso. Quinta-feira vou COMER a televisão. Até lá, é roer unha, dedo, palma da mão e início do ANTEBRAÇO.

Até lá.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

60 HORAS

Terça-feira, 3 de agosto, 10 da manhã.
Faltam 60 horas para o jogo.
Faz um frio do cão.
Estou atrasado para o trabalho.
Faltam 60 horas para o jogo.
Tenho que levar o carro na oficina.
Abri uma carta fechada.
Era cobrança.
Dormi mal e pouco.
Faltam 60 horas  para o jogo.
Voltou minha tosse.
Continuo atrasado para o trabalho.
Ainda faltam 60 horas para o jogo.
Como demora para passar 60 horas.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Sociais dos anos 80

Me lembrei daquele povo da Social e me irritei agora.
Eu me irrito de pensar em ir nas Sociais.
Teve uma época que ia nas sociais. Ainda ia com meus
headphones ligados no walkman com fitas K7 (podiscrê anos 80).
Se o jogo tivesse chato eu tacava uns Led ou uns Sabbath e ficava
viajando enquanto rolava a partida. Quase sempre sentava perto
de um bebum que virava meu amigo e de uma velhinha que falava sozinha
enquanto rolava o jogo. No final do jogo me contentava em ir pra beirada
da mureta gritar palavras ofensivas contra um ou outro pereba do nosso time
e xingar o Maurício Saraiva de viado.
Ele curtia e abanava.

ESTATUTO DO TORCEDOR

Já tem na lei comum falando sobre o que é violência e baderna.
Uma legislação especial pra mim é uma banalização do torcedor.
Eles querem um bando de kakás nas arquibancadas também.
Só falta mandarem a torcida ficar sentada quando o estádio for
todo encadeirado.

Gre-Nal que se preze não tem Fair Play

Gre-Nal que se preze nunca é jogado por laranjas, como décadas atrás os vespertinos esportivos de então chamavam aqueles clássicos de hexagonal final de Gauchão já decididos a favor de uma das partes. Naqueles anos, o Gauchão terminava quase que obrigatoriamente em Gre-Nal. Algumas vezes não valeu nada. Mas, na verdade, sempre valeu. Sempre.

Não existe competição em que Inter ou Grêmio participem que não valha nada. Jogo de futebol de prego? Tá valendo. Apesar dos desdenhosos comentários feitos por diversos clubes à Sul-Americana, torneio descendente da inferior Copa Conmebol, uma série C da Libertadores, e da SuperCopa, torneio mui valorizado pelas bandas da Azenha quando não existia outro para disputar e em que constantemente apanhavam de laço de qualquer Argentino Juniors que pintasse pelo caminho, a verdade é que a Sul-Americana vale sim. Vale prestígio. Vale dinheiro. Vale vencer algo que o adversário não possui. Sempre vale. Ainda mais com um Gre-Nal.

E mesmo que valesse, Gre-Nal vale a segunda-feira, no caso de hoje, a sexta-feira e um fim de semana mais relaxado. Gre-Nal vale a felicidade momentânea em subjugar o adversário. Não interessa se com gol irregular aos 48 do segundo tempo. Com gol de bunda. Com frango do goleiro a la Taffarel entregando a beterraba para o "craque" Jorge Veras. Não interessa se com fuga do xixi. Não quero nem saber se a goleada foi com os reservas nos gols do Leandro Narigão. Se a vitória veio em defesas de penalidades nas mãos do nosso tenebroso Gato Fernandez. Vitória em Gre-Nal sempre é a maior das vitórias. Eliminar o rival, a maior das glórias. O destino nos reservou que nosso e maior título inédito nos Pampas fosse conquistado em cima de um dos mais emblemáticos ídolos de nossos rivais. Lágrimas dentuças de Ronaldinho em Yokohama. Certamente, o Mundial foi um Gre-Nal.

O maior estádio do sul do Brasil nasceu de um Gre-Nal. Foi da inauguração do então estádio sem coberturas, depois remendado na gestão Hélio Dourado – sim, a rivalidade me faz conhecer a história de meus amados inimigos –, que nasceu a idéia de construir um estádio maior e mais bonito.
Foi de lá que nasceu um Gigante. De um Gre-Nal de 6x2 na cola com o goleiro tricolor chorando pela humilhação imposta. Pois também os ídolos fogem das goleadas humilhantes tal como um Danrley pedindo pra sair em um 5x2 conquistado pelo hoje incensado Celso Roth. O Gre-Nal é um paradoxo. Tudo nele inicia. Tudo nele termina. Não vivemos sem um Gre-Nal para nos dividir e unir na desgraça fugaz ou na glória catártica.

Sim, Guiñazu. Tu pegaste bem o que é um Gre-Nal. Já esteve lá dentro. Sabe que deve ser pegado. Do início ao fim. Que em Gre-Nal devem ser esquecidas as carioquices do futebol nacional. Que os muricys chorem de dor do lado de fora. Gre-Nal foi feito para Figueroas, Carlitos e Fernandões. O Gre-Nal mata ídolos. Eleva às alturas gloriosas nulidades técnicas. Gre-Nal se joga sangrando. Se joga com fratura exposta. Abaixo de chuva. De neve falsa de portoalegrense. Gre-Nal se joga como deve ser jogado, Guiñazu. Como tu joga. A morrer. Se o futuro da humanidade gaúcha, uma humanidade à parte, com todas suas idiossincrasias e idiotices próprias, fosse decidido amanhã, Pablo, certamente seria decidido num Gre-Nal. Sim, Guiña, o Gre-Nal é uma batalha. E batalha que se preze não tem Fair Play.

(publicado originalmente em 28/08/2008 em à Sombra dos Eucaliptos)

domingo, 1 de agosto de 2010

Confianças e medos

Confianças:

- O time como um todo.
- Paulo César Tinga.
- Esse Taison reloaded.
- D'Alessandro na hora H.
- Sandro e Guina.
- Ricardo Gomes.

Medos:

- Ricardo Oliveira.
- Gol circunstancial. Ou cedo. Ou aos 40 do 2.
- Chutes do Hernanes.
- Bola aérea, ainda mais do Alex Silva.

sábado, 31 de julho de 2010

Titulares pra quê?

As razões são simples:

1) Não há necessidade de desgastar os titulares. O Inter não sai do G4 mesmo que perca. Faltam 3 jogos pra ganhar a Libertadores, 28 pro Brasileirão. Só deve jogar quem precisa de ritmo, e olhe lá, nem precisa ser 90 minutos.

2) Mais cedo ou mais tarde, eles vão baixar a lenha em alguém na maldade. Isso é óbvio.

3) Eventual derrota traria muito mais abalo na confiança do que esta sairia fortalecida, em caso de vitória. O Inter já tá confiante o suficiente (talvez um resultado inesperado baixasse um eventual salto, mas não acredito).

4) Reservas jogam a batata quente para quem está sob pressão, o Grêmio. A torcida deles, contra os nossos reservas, não vai admitir derrota.

5) Se o Inter escala titulares e ganha bem, o Silas cai. Hehehe.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Soneto Colorado

Em minhas veias ferve o sangue vermelho
Que minh'alma exalta nas gloriosas horas
O meu amor por ti sempre proveio
Do lado esquerdo do meu peito onde moras

Minha bandeira alvi rubra tão amada
Torcer por ti é a paixão única
Que sinto ao vestir a escarlate túnica
Meu manto sagrado, não te troco por nada

És o consolo dos desamparados
Aos quais por tua imensidão são levados
Para honrar-te, encarnada nação

Nunca foste uma simples doutrina
Pois teu escudo, meu peito domina
Sempre foste um império, uma religião

Carlos Balakka